... "Caso Lamarca" segundo Celso Lungaretti....
de:
Celso Lungaretti
para:
meus amigos
enviado:
16 de Junho de 2007 08:57 08:57
assunto:O caso Lamarca: uma comédia de erros 1
Companheiros e amigos, foi inusitado o desfecho do que a imprensa batizou de "Caso Lamarca".
Primeiramente, a Folha de S. Paulo reconheceu meu direito de apresentar o "outro lado" dessa questão, publicando minha carta (que sintetizei, a pedido do jornal) no PAINEL DO LEITOR da edição de hoje, 16/06:
Como companheiro de luta de Carlos Lamarca, discordo da distinção que a Folha propôs no editorial "O caso Lamarca" entre os militantes que foram torturados e/ou assassinados sob a custódia do Estado e os demais, só reconhecendo aos primeiros o direito a reparação.
De imediato, por não levar em conta que muitos foram capturados, levados a centros clandestinos de tortura, supliciados e executados, sem detenção formal.
Tal distinção só caberia se o Brasil não estivesse então submetido à ditadura e ao terrorismo de Estado por parte do bando armado que usurpou o poder em 1964 e violou de todas as formas os direitos constitucionais dos cidadãos.
Quem, como Lamarca, ousou confrontar esse regime totalitário, nada mais fez do que exercer o direito de resistência à tirania. Então, não cabe recriminá-lo por assaltar bancos, seqüestrar embaixadores e matar agentes de segurança. Também durante a luta contra o nazi-fascismo foram descarrilados trens, explodidos quartéis, assaltados bancos e mortos policiais sem que a ninguém ocorra hoje vituperar os mártires e heróis da Resistência.
É inexato, ainda, que todos os resistentes brasileiros objetivassem a instalação de uma ditadura socialista. Então, anda certo o Estado ao reconhecer como vítimas tantos quantos sofreram danos físicos, psicológicos, morais e profissionais em decorrência da quebra da normalidade constitucional em 1964, da qual decorreram todas as atrocidades e horrores subseqüentes.
Finalmente, Lamarca, eu e os demais militantes da VPR jamais fizemos opção nenhuma pelo terrorismo. Nossas ações eram de propaganda armada e não visavam criar o caos, mas, sim, engajar a população na luta contra a ditadura.
O uso incorreto e malicioso do termo 'terrorista' não passou de um ardil goebbeliano dos serviços de guerra psicológica das Forças Armadas para jogar a população contra os resistentes.
Foi propaganda enganosa na época e continua sendo agora, quando é martelado dia e noite pelos porta-vozes da extrema-direita e seus sites obscurantistas."
Celso Lungaretti, 56, jornalista, escritor e ex-preso político anistiado pelo Ministério da Justiça.
Espanta Fantasma "comenta":
"Entre nós, já é uma tradição: eles querem socialismo pra nós e grana pra eles.
Se a revolução deles não dá certo, logo apelam ao cartorialismo e arrancam do estado burguês, que eles queriam destruir, a grana para sustentar a sua derrota".