segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Correio Braziliense:Bush faz telefonema de despedida para Lula

O presidente norte-americano George Bush fez um telefonema de despedida para o presidente Lula na tarde desta segunda-feira (19/01). De acordo com o porta voz da presidência do Brasil, Marcelo Baumbach, a conversa aconteceu por volta das 15h. Na ocasião, Bush convidou o governante brasileiro para um visita a seu rancho, no Texas. Lula, por sua vez, retribuiu o convite, chamando o então presidente dos Estados Unidos para uma pescaria no Brasil.
A ligação, que durou cerca de dez minutos, se centrou em temas pessoais e na despedida de Bush do comando dos EUA. Temas bilaterais não foram tratados.
Fonte:Correio Braziliense

Transição nos EUA: Abalo moral é legado de George W. Bush
“Eu sempre agi de acordo com os melhores interesses de nosso país. Segui minha consciência e fiz o que achava que fosse o melhor. Vocês podem não concordar com algumas duras decisões que tive de tomar, mas eu espero que vocês concordem que eu estava disposto a tomar decisões difíceis.”
George W. Bush bem que tentou se justificar no discurso de despedida, na noite de quinta-feira, mas ainda assim vai entrar para a história como um dos presidentes mais impopulares dos Estados Unidos. O apoio conquistado após os atentados de 11 de setembro de 2001 se desmanchou em meio a uma série de políticas catastróficas. Enquanto as bombas da coalizão ainda caíam sobre o Afeganistão, Bush ordenou que os 775 primeiros prisioneiros de guerra fossem levados para a base naval de Guantánamo, em Cuba. No início de dezembro, caiu Kandahar — último bastião do Talibã —, e a milícia perdeu o poder. Sem capturar o terrorista saudita Osama bin Laden, o mandatário norte-americano voltou-se para o Iraque, abriu nova frente de batalha em março de 2003, derrubou Saddam Hussein e celebrou o enforcamento do ex-ditador. Enquanto o número de presos aumentava em Guantánamo, os EUA amargavam o escândalo de abusos cometidos na prisão de Abu Ghraib, em Bagdá.Robert Guttman, diretor do Centro de Política e Relações Internacionais da Universidade Johns Hopkins, classifica Guantánamo como um “sinal da teimosia e relutância do governo Bush” em promover mudanças, mas aponta o Iraque como o principal legado maldito do líder republicano.
“Bush deixa a Casa Branca com mais de 140 mil soldados no Iraque e sem o fim da ocupação do país à vista”, lembra. “A história julgará a invasão. Sim, nós derrubamos um terrível ditador, mas Saddam já estava encurralado pela zona de exclusão aérea”, afirma. Para especialistas, o Iraque foi um erro político que custou a vida de 4.227 soldados norte-americanos e de 98 mil civis iraquianos.Boa parte do prestígio de Bush naufragou nas águas que cobriram 80% da cidade de Nova Orleans (Louisiana), após a passagem do furacão Katrina, em 29 de agosto de 2005. O presidente demorou quatro dias para visitar a região atingida pela tempestade que matou cerca de 1,7 mil pessoas. “O furacão Katrina mostrou-nos problemas sérios em nossa capacidade de resposta, em todos os níveis de governo”, declarou Bush, duas semanas depois da tragédia.
Um vídeo divulgado pela rede de TV NBC mostra uma reunião na Casa Branca durante a qual Bush era alertado sobre os possíveis estragos do furacão.De acordo com Matthew Baum, professor de ciência política da Universidade da Califórnia, “é difícil não ver o Katrina como uma falha em larga escala do governo”.
Meteorologistas veem o Katrina como um reflexo da indisposição do governo republicano em ratificar o Protocolo de Kyoto, tratado que regula as emissões de gases causadores do efeito estufa. No entanto, Baum considera a crise financeira global causada pela bolha imobiliária o maior fiasco do legado de Bush.
O especialista acredita que uma série de medidas impopulares custou aos EUA a perda da simpatia adquirida perante o mundo após os ataques de 11 de setembro. “O fim dessa ‘boa vontade’ internacional danificou a habilidade dos EUA de conduzir uma política externa eficiente em uma gama de temas e destruiu a confiança global no país”, diz o professor. Bush chega ao fim do mandato com um pífio índice de popularidade de 22%, o terceiro mais baixo desde 1938.
Rodrigo Craveiro-Correio Braziliense