A bancada do DEM anunciou nesta quinta-feira (30/01) formalmente o apoio a José Sarney (PMDB-AP) na disputa pela Presidência do Senado. São mais 14 votos, o que reforça o favoritismo do veterano senador. Ontem, ele passou o dia resolvendo problemas na base de apoio que montou. A questão, na reta final, é acomodar pretensões de vários partidos por cargos na Mesa Diretora e no comando das comissões permanentes. Não há espaço para tantos pedidos. Sarney adotou uma tática cautelosa e evita negociações individuais. Vai seguir estritamente a proporcionalidade do tamanho das bancadas. Seu adversário, o petista Tião Viana (AC) segue na linha inversa e promete atender às demandas dos partidos, em especial do PSDB.
Ontem à noite, Tião informou ao Correio que líderes tucanos reunidos no Recife decidiram pelo apoio do partido à sua candidatura. O PSDB tem 13 senadores, um a menos do que o Democratas. “Recebi a garantia de que toda a bancada votará comigo”, disse o petista, que aceitou as reivindicações de cargos feitas pelos tucanos.
No campo de Sarney, o discurso é pelo respeito ao tamanho de cada bancada. “Vamos eleger o presidente Sarney”, diz o líder do DEM, José Agripino (RN). “Daí para a frente, segue-se a estrita proporcionalidade no preenchimento dos cargos, como determina o regimento.” Seria possível negociar exceções a essa proporcionalidade, mas isso não interessa a Sarney. Só dificultaria o quebra-cabeças que ele tem de montar.
A distribuição dos cargos no Senado se dá em três etapas. A primeira é a votação para presidente. A segunda é a eleição dos demais integrantes da Mesa. A última, que só precisa ser fechada alguns dias depois, é a escolha dos presidentes de comissões. Sarney quer desvincular essas etapas, enquanto Tião tenta colocar tudo no mesmo pacote.
O partido dos tucanos quer dois cargos na Mesa: a Primeira Vice-Presidência e a Quarta Secretaria. Além disso, cobiça as comissões de Assuntos Econômicos e a de Relações Exteriores. É muito mais do que lhe caberia pela proporcionalidade.
Sarney avisou que não dá para atender, o que deixou os tucanos frustrados. Sarney acredita ter a vitória assegurada. Além disso, avalia que, mesmo que os tucanos fechem formalmente com Tião, ainda terá pelo menos cinco votos do partido.
Tião aposta na incapacidade de Sarney em atender tantas demandas. Sua estratégia é fazer com que a discussão seja por blocos partidários e não por bancadas. Negocia a formação de um bloco com o PT, PR, PDT, PCdoB e PSB, que chegaria a 24 parlamentares.Nesse desenho, o bloco pró-Tião teria o direito de escolher cargos antes de Sarney.
Fonte:Correio Braziliense