quinta-feira, 21 de agosto de 2008

CPI dos Grampos:Lacerda confirma participação de agentes da Abin na Satiagraha



O diretor-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, afirmou nesta quarta-feira (20/08) em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas a participação de agentes do órgão nas investigações da operação Satigraha. Até então, o delegado Protógenes Queiroz já havia dito à mesma CPI que a participação da agência teria ocorrido apenas de maneira informal. "Não teve participação da Abin enquanto instituição, mas de alguns membros da Abin", esclareceu Protógenes à CPI, no última dia 06.
De acordo com o depoimento de Lacerda, a participação teria ocorrido desde março deste ano -- um mês após ser solicitada por Protógenes -- e envolveu servidores da agência que informaram a seus respectivos superiores sobre o trabalho.
Ainda segundo o diretor da Abin, os oficiais que participaram das investigações eram conhecidos de Prótogenes devido a cursos realizados conjuntamente na área de inteligência, e os contatos teriam sido feitos diretamente com eles.
Lacerda afirmou que os serviços prestados pelos agentes incluiam: consulta a base de dados cadastrais sobre pessoas físicas e jurídicas; pesquisa em fontes abertas - internet e mídia impressa - sobre nomes fornecidos pela Polícia Federal; análise do material pesquisado, com a elaboração de resumos; e a confirmação de endereços residencial e de trabalho de algumas pessoas investigadas, o que, inclusive, teria exigido pontuais levantamentos externos.
Para Lacerda, todas as atividades realizadas pela Abin são respaldadas pela legislação, sendo "absurdas" as afirmativas de que a agência tenha executado possíveis escutas de monitoramento em locais públicos ou privados.
Ele contou que um oficial da Abin fazia contatos sobre as investigações com equipes da PF chefiadas por Protógenes na própria sede da polícia e numa segunda repartição, no Setor Sudoeste. “Isso não foi nenhuma coisa escondida”, declarou. Lacerda disse que tal auxílio tinha respaldo legal, mas parlamentares discordaram dessa posição. “A atuação da agência nesse caso foi totalmente irregular e ilegal”, afirmou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). “O que a Abin faz: segurança de Estado ou policiamento?”, questionou Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Fonte:Correio Braziliense