A escalada das tensões entre a Geórgia e os separatistas da região de Ossétia do Sul evoluiu para violentos combates nos últimos dias e o envolvimento da Rússia, que enviou tanques para a região em apoio aos rebeldes. A administração separatista da Ossétia do Sul tenta obter reconhecimento desde que declarou a independência do governo central, após uma guerra civil na década de 1990. A Rússia tem uma força de paz na região, mas o governo de Moscou também apóia os separatistas.
Ossétia do Sul
É um governo próprio desde que lutou com a Geórgia pela independência em 1991 e 1992, logo após o colapso da União Soviética. Durante o conflito, a região declarou independência, mas ela não foi reconhecida por nenhum país. O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, prometeu colocar a Ossétia do Sul e outra região separatista, a Abcásia, sob ocontrole da Geórgia.
A separação
Os ossetianos são uma etnia originária das planícies russas ao sul do Rio Don. Eles têm identidade e cultura diferentes da dos georgianos e língua própria. No século 13, as invasões mongóis empurraram a etnia para as montanhas do Cáucaso, e os ossetianos se estabeleceram ao longo da fronteira da Geórgia com a Rússia. Os ossetianos do sul querem se juntar à Ossétia do Norte, república autônoma dentro da Federação Russa.Os georgianos são minoria na Ossétia do Sul, representando menos de um terço da população. A Geórgia rejeita o nome Ossétia do Sul, preferindo chamar a região pelo nome antigo, Samachablo, ou Tskhinvali, a principal cidade da região.
A crise
As tensões vinham aumentando desde a eleição do presidente Saakashvili em 2004.
Ele ofereceu à Ossétia do Sul diálogo e autonomia, mas no contexto de um só Estado, o da Geórgia. Em 2006, os ossetianos do sul votaram em um referendo extra-oficial, na tentativa de pressionar pela independência completa. Segundo as autoridades da Ossétia, a maioria esmagadora da população apoiou o fim da união com Tblisi. Em abril de 2008, a Organização do Tratado do Atlântico (Norte) anunciou que a Geórgia poderia no futuro vir a ser um membro da aliança militar — o que irritou a Rússia. Semanas depois, a Rússia reforçou laços com as regiões de Ossétia do Sul e Abcásia. Em julho, a Rússia admitiu que seus caças entraram no espaço aéreo da Geórgia, na região da Ossétia do Sul. Confrontos esporádicos se escalaram.
A participação russa
A Rússia insiste que tem agido como força de paz na Ossétia do Sul e nega as acusações de que vem fornecendo armas aos separatistas. No entanto, Moscou já prometeu defender os cerca de 70 mil cidadãos russos que vivem na Ossétia do Sul. A Rússia pode interpretar uma intervenção militar como uma opção menos arriscada do que reconhecer a independência da Ossétia do Sul, o que poderia levar a uma guerra com a Geórgia. A Geórgia tem um relacionamento próximo com os Estados Unidos e vem cultivando vínculos com a Europa Ocidental. Há quem diga que Saakashvili espere levar a Otan a um conflito com Moscou, de modo a formalizar a aliança.
Mas analistas afirmar ser difícil imaginar que a Otan se deixe arrastar para um conflito com a Rússia por causa da Geórgia, depois de ter se esforçado para evitá-lo por tanto tempo.
Fonte: BBC
Veja a distribuição do poderio militar entre Geórgia e Rússia, países envolvidos no conflito do Cáucaso
GEÓRGIA
Total de militares: 26.900
Principais tanques de batalha (T-72): 82
Carros blindados: 139
Aviões de combate (Su-25): 7
Peças de artilharia pesada (incluindo foguetes lançadores): 95
RÚSSIA
Total de pessoal: 641.000
Principais tanques de batalha (vários): 6.717
Carros blindados: 6.388
Aviões de combate (vários): 1.206
Peças de artilharia pesada (várias): 7.550
Fonte:Correio Braziliense