A Secretaria de Polícia do Senado Federal já iniciou as investigações para identificar se foram feitos na Casa os supostos grampos ilegais em telefones de autoridades, inclusive do presidente Garibaldi Alves Filho. O diretor da secretaria, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, disse Agência Brasil que em um primeiro momento o objetivo da investigação será o de verificar se houve tentativa de escutas ilegais de conversas de parlamentares dentro das instalações do Senado.
A determinação Polícia do Senado para que procedesse uma investigação partiu do próprio presidente da Casa. A princípio, os trabalhos devem estar concluídos em 30 dias, que podem ser prorrogados até se encerrarem as investigações.O diretor disse que desde que surgiu a denúncia da revista Veja, nenhum senador, inclusive o presidente da Casa, pediu uma varredura no gabinete e nas linhas telefônicas que usam. Ele informou que a Polícia do Senado só faz varredura pedido dos parlamentares, uma vez que o serviço não é uma rotina na Casa.
O diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), general Jorge Félix, não descartou a possibilidade de os grampos terem partido de dentro das instalações do Senado Federal.
Segundo Pedro Ricardo, se as conversas gravadas clandestinamente partiram de telefones fixos do Senado, "é praticamente nula" a chance de os grampos terem ocorrido nas dependências da Casa. Já no caso de um dos interlocutores ter utilizado um aparelho celular, "a chance é grande".O sistema de telefonia do Senado tem inúmeros troncos. Quando uma ligação é feita a partir de qualquer aparelho fixo, ela segue aleatoriamente por um desses troncos de telefonia. Para gravar essas conversas, teriam que ser instalados, na central telefônica do Senado, um aparelho em cada tronco. Além disso, explicou o diretor, só duas pessoas têm acesso a esta central.Na conversa supostamente grampeada entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, o diretor da Polícia do Senado disse que, de acordo com as declarações do senador, o ministro teria utilizado um celular enquanto o parlamentar falava de um telefone fixo de seu gabinete.
Neste caso, segundo Pedro Ricardo, o mais provável é que as interceptações tenham ocorrido no aparelho do presidente do Supremo.Os aparelhos de telefonia celular funcionam com sistemas de rádio freqüência, e uma vez captada a freqüência de cada aparelho, as conversas podem ser ouvidas facilmente, explicou Pedro Ricardo.O diretor revelou que a Polícia do Senado utiliza um equipamento de tecnologia avançada que impede qualquer tentativa de invasão do sistema telefônico da instituição."Se isso ocorrer, a ligação [por telefonia fixa e interna] trava na hora", garantiu.Pedro Ricardo disse ainda que o Senado tem um equipamento americano anti-grampo, de última geração, denominado Oscor, que analisa as freqüências emitidas em ambientes da casa.Segundo o diretor, o Oscor é capaz de detectar e analisar qualquer freqüência estranha s que são emitidas normalmente.
Pedro Ricardo informou que 11 profissionais da Polícia do Senado vão trabalhar nas investigações. Caso fique comprovado que os grampos partiram de fora do Senado, a Polícia Legislativa vai ouvir os envolvidos até concluir o processo de investigação.
Uma vez encerrado, o relatório será encaminhado para a análise do Ministério Público Federal.
Fonte:Agência Estado-Correio Braziliense