Vou mandar um e-mail ao articulista Marcos Nobre, da Folha, que escreve às terças-feiras e perguntar onde está a direita. Ela a encontrou e se tornou um seu monopolista. Eu, confesso, não consegui achá-la até agora.
Escreve ele hoje no jornal: "No momento atual, a direita política se comporta como um exorcista que cria seus próprios fantasmas. Promove um ‘revival’ do anticomunismo, por exemplo, como se ainda existissem defensores relevantes do finado socialismo soviético. Em vez de combater ameaças reais à democracia, como as desigualdades e o preconceito, associa qualquer mínimo movimento contra a lógica desigual do capitalismo como antidemocrático e atrasado."
Quem é a direita política que faz isso? Onde estão seus representantes? Se essa direita combatesse, como ele quer, "as desigualdades e o preconceito" do mesmo modo que a esquerda julga combater, então ela não seria esquerda em vez de direita?
Nobilíssimo é professor de filosofia. Seu ofício impõe lidar com as palavras. De preferência, para esclarecer, não para embromar. A "direita" é chamada de "direita" em seu texto, mas ele não usa a palavra "esquerda" como sua antípoda. É sério. Clique aqui se você for assinante.
Entende-se no seu texto que os adversários da direita são, ou foram, os "movimentos operários". O golpe intelectual é simples, velho e aborrecido: ele trata a direita (cadê ela?) como uma excrescência contra o progresso social e naturaliza a esquerda, tão parte do processo que não precisa nem ser mais ser nominada.
É um pensamento essencialmente totalitário.
No afã de condenar o capitalismo, chega a afirmar que a "Alemanha nazista era capitalista", donde se depreende que, na década de 40, o socialismo soviético se uniu ao capitalismo americano e britânico para combater o capitalismo alemão...
E há quem aprenda filosofia com esse velho burro.