Do Correio Braziliense
Os documentos recolhidos pelos promotores, aos quais o Correio teve acesso com exclusividade, apontam que a viagem à Ásia e os gastos da comitiva que acompanhou o vice-reitor da UnB, Edgar Mamiya, no tour foram autorizados pelo então diretor-executivo da Editora UnB, Alexandre Lima (veja fac-símile). Ele também autorizou outros gastos considerados irregulares pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDF). São R$ 65 mil, que teriam sido usados em pagamentos de passagens aéreas, festas e artigos de luxo. Esse outro caso, já revelado pelo Correio, envolve o reitor da UnB, Timothy Mulholland. O MPDF acusa a Funsaúde de ter pago passagens aéreas para a mulher de Timothy, Lécia Mulholland, e para familiares de Alexandre Lima.
Segundo o dossiê em mãos dos promotores, o dinheiro destinado à melhoria da saúde dos índios das tribos ianomami e xavante (no norte do país) teria sido usado para pagar jantares que custaram cerca de R$ 40 mil. Pelo menos cinco aparelhos de TV de LCD, no valor de R$13,7 mil, e nove canetas Mont Blanc, ao preço de R$ 9 mil, também teriam sido financiadas. As passagens de Lécia Mulholland — ida e volta de Brasília a Teresina (PI) — custaram R$ 746. Segundo o Ministério Público, quem autorizou a despesa foi Alexandre Lima. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs convocou o ex-diretor-executivo da Editora UnB para explicar a liberação de R$ 14 milhões, destinados a pagamento de serviços de terceiros, para a Funsaúde. Alexandre Lima, no entanto, faltou à sessão, realizada na última terça-feira. Ele alegou problemas de saúde, mas não informou de qual doença sofria nem seu estado clínico. O Correio ligou diversas vezes para o telefone celular de Lima, desde a última quarta-feira. Ele não atendeu nem retornou as ligações. Lima entregou, há uma semana, uma carta pedindo o afastamento do cargo e da coordenação do projeto até que as denúncias sejam apuradas. O reitor aceitou o pedido.