domingo, 30 de março de 2008

Planalto vai tirar Dilma de vitrine eleitoral para abafar crise do dossiê

Com o argumento de que a Casa Civil virou alvo de acirrada disputa política, o governo vai tirar a ministra Dilma Rousseff da vitrine eleitoral até a temperatura da CPI dos Cartões baixar.
No Palácio do Planalto, há certeza de que a excessiva exposição da chefe da Casa Civil - favorita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a sua própria sucessão, em 2010 - "foi um erro" que provocou não apenas a fúria da oposição como o fogo amigo nas fileiras do PT.
O esforço do governo, agora, é para blindar a "mãe do PAC".Dilma manterá sua agenda de viagens para inaugurar obras do Programa de Aceleração do Crescimento, mas vai reduzir sua participação em encontros político-partidários e em reuniões relacionadas a disputas municipais. Cumprindo o cronograma técnico do PAC, ela estará amanhã no Rio, ao lado de Lula.
Na sexta, também com o presidente, participará de evento da Petrobrás em Rio Grande (RS) e, depois, seguirá para Porto Alegre. No fim de abril, Dilma irá a Tóquio, onde cobrará reciprocidade do Japão nos negócios com o Brasil.
Além desse recuo estratégico, o Planalto deve encontrar alguém para punir exemplarmente no caso do vazamento do dossiê sobre gastos no governo Fernando Henrique (1998-2002). Mas não será Dilma. Por enquanto, a retórica oficial é a de que "não há cabeças a cortar". O desfecho, porém, pode não ser assim: Lula já foi informado de que virá "chumbo grosso" na CPI e o governo quer agir rápido para neutralizar os ataques do PSDB e do DEM.
Fonte:Estadão
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Rex
A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, insiste numa farsa na qual apenas o subjornalismo de aluguel finge acreditar.Vejam o que vai acima, estampado na página de VEJA da semana passada.E já se sabe mais: dossiê coordenado pela equipe de Dilma, com o pleno conhecimento dos ministros José Múcio (Articulação Institucional), Paulo Bernardo (Planejamento) e Franklin Martins (Comunicação Social). E, claro, com o pleno conhecimento de Lula.Na carta enviada à VEJA, a ministra tenta se escudar no acórdão 230/2006 do TCU, que indicaria a regularidade da digitalização. Seus porta-vozes oficiosos insistem nisso. Trata-se, como dizer?, de uma empulhação.. O tal acórdão está aqui. Infelizmente, Dilma não fala a verdade. A reportagem da revista apurou que o documento foi produzido e editado no Palácio do Planalto de forma a conter apenas informações potencialmente desabonadoras para FHC e Ruth Cardoso – deixando de lado dados de mesma natureza relativos a Lula e Marisa Letícia. A edição de um banco de dados visando a fechar a questão em torno de um indivíduo ou de um período é chamada nos dicionários de dossiê. Quando esse mesmo documento é usado para convencer, influenciar, intimidar ou constranger outros a tomar determinadas atitudes, o dicionário registra a ação como chantagem.
O grupo se reuniu a partir do dia 11 de fevereiro em uma sala do anexo II do Palácio do Planalto. Pilhas de processos de compras foram enviadas para análise. A ordem era separar todos que tivessem indícios de "materialidade e relevância". Um dos técnicos convocados chegou a indagar sobre que tipo de materialidade se estava pesquisando. "Compras inadequadas e mordomias", explicou a coordenadora do trabalho, Maria de La Soledad Castrillo, assessora de Erenice Guerra e chefe da Diretoria de Recursos Logísticos, que funciona como uma espécie de prefeitura do palácio. Os servidores se debruçaram sobre os processos durante uma semana. Cada despesa mais exótica encontrada era efusivamente comemorada. Uma nota fiscal que descrevia a compra de fraldas descartáveis e sabonete infantil, por exemplo, foi motivo de muitas piadas.
Os relatos da reunião foram feitos a VEJA por alguém muito próximo aos fatos. Feita a seleção, que priorizou gastos da família presidencial com alimentação, bebidas e aluguel de carros, os funcionários passaram a digitar os dados. Ao contrário das versões apresentadas, foi montada uma planilha de computador especialmente para receber as informações compiladas – só as compiladas – e facilitar o entendimento delas com observações feitas pelos funcionários. O dossiê ainda ganhou dois adendos: um com as despesas de quatro agentes da Abin que usaram a verba secreta durante o governo Fernando Henrique e outro com informações sobre a ex-chef da cozinha do Palácio da Alvorada, Roberta Sudbrack. "O pessoal do gabinete da ministra tinha uma vontade muito grande de denunciar a chef da cozinha pessoal do presidente Fernando Henrique", conta um funcionário do Planalto que, naturalmente, pede para não ser identificado.
A exemplo do que aconteceu com relação às despesas pessoais do ex-presidente, usadas para intimidar, insinuações sobre a chef foram publicadas em sites de pessoas ligadas ao governo.
Fonte:Revista Veja