O Itamaraty não cansa de nos envergonhar. Também pudera! Sua incompetência é um grande sucesso!
Nos primeiros dias da crise Colômbia-Farc-Equador, o Brasil oficial, aquele em nome do qual fala Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, tentou afetar algum equilíbrio e sangue frio. As opiniões delinqüentes ficavam a cargo de Marco Aurélio Garcia, um dos fundadores do Foro de São Paulo,que tem grupos terroristas como membros — entre estes, as Farc. O Brasil pratica antiamericanismo barato, o que está, ademais, adequado àquela que deve se a mais reles diplomacia da nossa história.Agora, Celso Amorim não disfarça mais: ontem, ele liderava o cordão na OEA pedindo a condenação da Colômbia.
Explica-se a desenvoltura. Ganhou o apoio de boa parte da mídia brasileira, que se limita a reportar seus pontos de vista. “Fronteira”, para Amorim e para esses setores do jornalismo, virou um fetiche. Em nome da sua inviolabilidade, todos os absurdos são permitidos, o que inclui abrigar um grupo que tem a finalidade declarada de praticar terrorismo no país vizinho. E que, declaradamente, vive no narcotráfico. “Ah, mas o Brasil não reconhece as Farc como terroristas”. É mesmo?Sabe o que é impressionante? Nenhum dos entrevistadores de Amorim se lembra de lhe perguntar o que é preciso que um grupo faça para que seja, então, considerado “terrorista” pelo Brasil.
A política externa brasileira tem sido de um ridículo sem fim.Pesquisem, leitores. Não acreditem no que andam lendo por aí. Não precisam acreditar nem no que escrevo. Fiem-se no levantamento que vocês mesmos podem fazer:
- Amorim tentou emplacar Luís Felipe de Seixas Corrêa na Organização Mundial do Comércio em 2005. Perdeu. Sabem qual foi o único país latino-americano que votou no Brasil? O Panamá!!!
- Também em 2005, o Brasil tentou emplacar João Sayad na presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Deu errado outra vez. Dos nove membros, só quatro votaram no Brasil — do Mercosul, apenas um: a Argentina.
- O Brasil tenta, como obsessão, a ampliação (e uma vaga permanente) do Conselho de Segurança da ONU. Quem não quer? Parte da resistência ativa à pretensão está justamente no continente: México, Argentina e, por motivos óbvios e justificados, a Colômbia.
- Sob o reinado dos trapalhões, Lula fez um périplo pelas ditaduras árabes do Oriente Médio. O Babalorixá deixou de visitar a única democracia da região: Israel.
- Em maio de 2005, no extremo da ridicularia, o Brasil realizou a cúpula América do Sul-Países Árabes. Era Lula estreando como rival de George W. Bush, se é que vocês me entendem. Falando a um bando de ditadores, alguns deles financiadores do terrorismo, o Apedeuta celebrou o exercício de democracia e de tolerância...Em 2006, país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas, no ano anterior, negara-se a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida, que praticou os massacres de Darfur. Por que o Brasil quer tanto um vaga no Conselho de Segurança da ONU? Que senso tão atilado de justiça exibe para fazer tal pleito?
E tudo isso por quê? Antiamericanismo tosco; complexo de inferioridade vertido em arrogância de gente recalcada. O governo que tem a pretensão de dar lições ao mundo não consegue ter uma voz minimamente ativa num conflito que está naquela que deveria ser a sua área de influência. Pior do que isso: é descaradamente leniente com o terrorismo.