quarta-feira, 26 de março de 2008

Trechos do Editorial do Estadão

Seguem trechos do Editorial do Estadão ,intitulado “Arrogância e audácia” sobre os delírios do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que está querendo criar, segundo orientação de Lula, o tal Conselho Sul-Americano de Defesa.
Leiam:

A visita do ministro da Defesa a Washington teve ao menos um ponto positivo. Graças à cobertura que a imprensa deu aos encontros do ministro Nelson Jobim com as autoridades norte-americanas, os brasileiros puderam conhecer alguns poucos detalhes do projeto que ele está propondo aos países da América do Sul. Até então, sabia-se apenas que havia proposto a seus colegas da Argentina e do Chile a criação de um Conselho Sul-Americano de Defesa; que, segundo ele, seria uma realização capaz de mudar o panorama estratégico da região, que passaria a ter influência decisiva nos foros globais; e que todos os países da América do Sul seriam convidados para integrar o organismo.

Num discurso para 14 dos 27 representantes dos países membros da Junta Interamericana de Defesa (JID), o ministro Nelson Jobim decretou que “chega de pensar pequeno. Pensar pequeno significa dependência, significa continuar pequeno. É preciso arrogância estratégica e a audácia do enfrentamento dos nossos problemas, com a coesão dos países da região”. E assim os brasileiros foram os últimos a saber que seu governo está empenhado em criar um organismo internacional “que possa articular na América do Sul a elaboração de políticas de defesa, intercâmbio de pessoal, formação e treinamento de militares, realização de exercícios militares conjuntos, participação conjunta em missões de paz da ONU, integração de bases industriais de defesa”.
A criação de um organismo que cuide disso tudo, compatibilizando as políticas externa, de defesa e industrial de uma dúzia de países tão diferentes quanto o Suriname do Brasil já seria um prodígio. Mas não para o ministro Nelson Jobim. Tomado de “arrogância estratégica” e “audácia do enfrentamento”, ele quer que o tal Conselho seja um órgão “proativo”, com capacidade executiva e operacional, para “não ter nossas posições manipuladas por outros grupos e interesses”.
(Leia-se Estados Unidos.) Ora, desde que d. Pedro I gritou “laços fora”, as posições brasileiras não são manipuladas por quem quer que seja. A frase foi injusta com o próprio governo ao qual o ministro pertence e injuriosa para todos os países da região. Preferimos creditá-la a um arroubo de retórica.
(...)
Esse projeto encontrará outros obstáculos. O representante da Argentina na JID enunciou um deles. “Como se enquadraria esse órgão numa região onde há possibilidades de conflitos? O que acontecerá quando houver crise entre os países?” Mas não é preciso considerar essa hipótese extrema. O que se propõe é a criação de um órgão coordenador da defesa - em seu sentido amplo - de todo um subcontinente que não consegue harmonia política suficiente para montar um sistema integrado de comércio. Pior ainda, que há décadas ensaia, sem conseguir realizá-la, a sua integração física na área dos transportes.
Para ler íntegra, clique aqui