Segue abaixo o email de Cezar Britto ao blogueiro R.A,em resposta ao post "Menos tinta, mais idéias na cabeça".
Caro R.A,
Leitor de seu blog, um dos mais acessados da Internet, me surpreendi com os termos de seu comentário de ontem ("Menos tinta, mais idéias na cabeça"). O objeto da crítica foi uma entrevista em que menciono que o Exército não tem poder de polícia.
Apesar do preâmbulo crítico à minha pessoa, expresso no título da nota e nas suas frases iniciais, você concorda a seguir com a premissa. Reconhece que o Exército não tem poder de polícia e que está no Morro da Providência em face de convênio entre Ministério da Defesa e Ministério das Cidades. Cumpre missão social, em projeto urbanístico.
Como se trata de área notoriamente conflagrada, e sendo o Exército instituição armada, acaba sendo jogado numa situação delicada, em que se sente instado a exercer papel de polícia, sem ter sido requisitado para fazê-lo e sem os meios necessários para exercê-lo.
Você, que como eu reconhece que o Exército não tem poder de polícia, conclui que "é preciso regulamentar o uso das Forças Armadas nessas operações", o que evidencia que, nos termos atuais, em que situei meus comentários, está sem respaldo legal para agir.
Por fim, quero fazer uma referência ao começo - isto é, ao bem-humorado título da nota. Mais idéias são sempre bem-vindas, se forem boas. Estou aberto a elas. Mas lamento informar que não pinto o cabelo. Jamais os pintei. São realmente negros como a asa da graúna - e somente agora começam a despontar alguns fios grisalhos, que sinalizam discretamente os meus 46 anos de vida.
Brasília, 18 de junho de 2008
Cezar Britto
Presidente do Conselho Federal da OAB
Cezar Britto demonstra ser um homem tolerante e saber a diferença entre uma nota de humor e a parte substantiva da crítica.Concordâncias ou discordâncias à parte, doutor, não dê bola para a inveja dos carecas.