segunda-feira, 2 de junho de 2008

“Spies for Hire”:Privatização de espionagem corrompe inteligência nos EUA, diz pesquisador


Os Estados Unidos estão privatizando seus departamentos de espionagem e inteligência.
A denúncia é feita no livro recém-lançado naquele país “Spies for Hire” (contratam-se espiões, em tradução livre), do pesquisador Tim Shorrock. Segundo ele, este processo cria um conflito de interesses, dá poder demais a empresas privadas e fornece informações contaminadas para que os governantes definam as políticas de segurança do país.
Uma das conseqüências disso, segundo ele, é que empresas privadas podem acabar investigando as pessoas comuns, civis que usam internet e telefone, por exemplo, em nome do governo, mas sem que ele possa ser responsabilizado por isso.
“Quase 70% do orçamento da Inteligência norte-americana é gasto em contratos privados. Trata-se de uma enorme quantia de dinheiro que é pago a empresas particulares para fazer um trabalho que teoricamente deveria ser responsabilidade do Estado”, disse Shorrock, em entrevista ao G1.
Seguem trechos da entrevista.
G1 – Por que é um problema ter empresas privadas fazendo o trabalho de inteligência dos Estados Unidos?
Tim Shorrock – Quando uma empresa privada oferece serviços técnicos ao governo, não há nenhum problema. Entretanto, quando falamos de alto nível de inteligência e investigação, análise de informações de satélites de segurança, dados da Agência de Segurança Nacional (NSA), espionagem de internet, grampos em telefones, o fato de termos empresas privadas analisando as informações e escrevendo relatórios que chegam até mesmo ao presidente do país, temos uma inteligência contaminada, corrompida por outros interesses.
G1 – O tema inteligência, espionagem, suscita muitas teorias conspiratórias. Pode-se dizer que este crescimento da inteligência privada nos encaminha a um futuro em que as empresas têm controle sobre a sociedade?
Shorrock – Talvez não cheguemos a tanto, mas é verdade que eles têm uma função secreta de que a população não sabe. Como resultado, essas agências privadas passam a ter uma influência perigosa para a democracia, mais forte de que a da população.