Quando a Argentina se recuperou quase milagrosamente de sua crise de 2001, causada pelo colapso da insustentável paridade entre 1 dólar e 1 peso, muitos acreditaram estar diante de um novo modelo de desenvolvimento: o paradigma autóctone do presidente peronista Néstor Kirchner, cujos preceitos se resumiam a pôr a culpa por todos os problemas do país nos investidores estrangeiros, no FMI e nos mercados globalizados. Compreende-se parte desse fascínio. Embora tal modelo tenha isolado ainda mais a Argentina do mercado financeiro mundial, do qual se distanciou depois do calote de sua dívida externa, a economia cresceu num ritmo alucinante: em média 8,5% ao ano desde 2004. Com isso, o êxito político de Kirchner foi fulminante, a ponto de catapultar sua mulher, Cristina, à Presidência, no fim do ano passado, com 45% dos votos válidos (seu marido fora eleito em 2003 com apenas 22% dos sufrágios).Passados seis meses com Cristina na Casa Rosada, os argentinos agora descobrem que o crescimento econômico dos últimos anos se deveu mais à valorização das cotações internacionais de produtos agrícolas produzidos pelo país do que às idéias amalucadas do casal Kirchner. Percebem também que o festejado paradigma autóctone os está conduzindo rapidamente de volta ao caos. Nas mãos do casal Kirchner, a Argentina encontra-se em sua pior crise econômica e política desde a queda de Fernando de la Rúa, em 2001. O abismo está cada vez mais perto. Falta comida nos supermercados, a inflação disparou para perto de 30% ao ano e há panelaços diários contra a política do governo nas ruas das principais cidades do país.]
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