Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestiu a camisa de garoto-propaganda do governo, incentivando o consumo como antídoto aos efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira. Nada mais legítimo. Mas a retórica deveria vir acompanhada de uma mudança radical de atitude de sua administração, promovendo os reais ajustes que, em meio ao terremoto que varreu o mundo, levarão o Brasil a dar o definitivo salto em busca do desenvolvimento. É o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, quem diz: “Chegou a hora da virada, do momento em que o país decidirá se vai nadar de braçada ou se ficará lambendo as feridas”.
Não há dúvida de que a mais grave crise mundial em quase 80 anos mostrou um Brasil mais bem preparado. A grande questão, no entanto, é saber que passo a frente será dado pelo país. Até aonde poderá ir a economia brasileira sem esbarrar nas limitações que sempre nos levaram ao fracasso? Que Brasil emergirá da crise?
É justamente com o intuito de trazer essas indagações e desafios para o centro dos debates que o Correio apresenta, a partir deste domingo (28/12), uma série de reportagens sobre o Brasil que queremos. Um país comprometido com avanços sociais, crescimento sustentado, sem estripulias e consciente do que precisa ser feito. Um país que tem a chave para entrar no Primeiro Mundo.
Na avaliação do presidente da Concórdia Asset Management, Ricardo Amorim, esse Brasil já está moldado, mas não lapidado.“Veja como avançamos: em vez de ser vitimado por um choque de juros, como em crises anteriores, estamos discutindo quando e quanto os juros vão cair. A inflação está sob controle.
Apesar de todo o estrago da crise, o país crescerá bem acima da média mundial”, diz Amorim. “Mas é preciso mais”, avisa. Ficar deitado em berço esplêndido será assinar a sentença de morte antecipada.“Não podemos seguir o exemplo da Argentina, que se antecipou ao Brasil no ajuste macroeconômico, mas não soube dar os passos seguintes e está à beira do colapso”.
Fonte:Correio Braziliense