segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Imprensa internacional destaca continuísmo do sistema cubano

Do G1:
The New York Times
A eleição de Raúl Castro, o irmão mais novo de Fidel, para a presidência de Cuba, "afasta as esperanças na ilha comunista de que uma geração mais jovem assuma o poder", segundo a edição desta segunda-feira do jornal americano .
"Em suas primeiras palavras como presidente, Castro deixou claro que não vai fazer mudanças radicais e prometeu consultar seu irmão em todos os assuntos importantes."
Mas para o NYT, a eleição marca uma mudança na história cubana. "Pela primeira vez desde que Fidel Castro assumiu o poder em 1959 o governo está nas mãos de um líder diferente, um oficial militar pragmático a quem faltam o carisma e ego de Fidel. Raúl Castro tem a reputação de construir o consenso, um homem que ouve atentamente seus assessores, delega autoridade e mantém seus subordinados responsáveis por seus atos."
A reportagem comenta que Raúl Castro disse que o governo precisa de algumas mudanças para sobreviver à nova era, mas alerta que "outras ações da Assembléia garantiram que o poder continue nas mãos da velha guarda cubana" - em alusão a José Ramón Machado Ventura, de 76 anos, eleito um dos vice-presidentes e que tem reputação de comunista linha-dura fiel aos irmãos Castro.
O NYT afirma ainda que, segundo analistas, em certos aspectos, quem está à frente da Presidência de Cuba não faz a menor diferença. "Fidel Castro continua sendo o chefe do Partido Comunista, por lei a maior autoridade" em Cuba.

The Washington Post
O jornal norte-americano enfatizou a manutenção da velha guarda revolucionária em Cuba após a saída de Fidel do poder. De acordo com a reportagem, "a decisão unânime foi um duro golpe aos cubanos que esperavam que o domingo mudasse drasticamente a direção da ilha."

Miami Herald
O periódico analisou a sucessão cubana com a análise do ex-analista da CIA, Brian Latell, que afirmou que as mudanças no Conselho de Estado, "sem dúvida orquestradas por Raúl Castro", lembra a União Soviética do começo dos anos 1980, quando "homens da velha guarda substituíam outros da velha guarda."

A reportagem indica ainda que as mudanças não virão a Cuba tão rápido quando alguns desejam, já que Raúl irá consultar o irmão nos principais assuntos da ilha. O texto ainda afirma que o discurso do novo presidente cubano foi encarado com decepção tanto no sul da Flórida quanto no pequeno movimento oposicionista de Cuba.

The Guardian
O jornal inglês destacou que Raúl Castro, que há tempos era "avesso à exposição pública" deve favorecer uma abertura econômica nos modelos chineses para melhorar a qualidade de vida sem perder o controle político. "Ele tem encorajado a crítica do sistema, levantando expectativas de que a melhoria do fornecimento de alimentos, transporte e moradia seriam suas prioridades."

El País
Com o título "A velha guarda resiste em Cuba", o jornal espanhol indicou o continuísmo do sistema cubano, repassado a pessoas de confiança do ex-presidente. Segundo o periódico, a perpetuação dos cargos do regime e a designação de Ramón Machado como vice, satisfazem a vontade de Fidel.