Em nenhum momento, houve esforço oficial para preservá-la da acusação de uso irregular do cartão corporativo. Ao contrário até. Havia um discreto incentivo para torná-la um exemplo negativo num ambiente de suposta correção no uso dos cartões. Sim, ela foi oferecida como o famoso boi de piranha.As coisas começaram a se complicar para o governo quando reportagem da VEJA demonstrou que três funcionários da Presidência da República gastaram, no cartão, R$ 205 mil em 2007. A conta maior foi feita num supermercado. Nota: tudo o que Lula come e bebe no Brasil deve ser comprado por meio de licitação pública. O uso do cartão para isso é irregular.
E, então, o tal Portal da Transparência passou a ser uma verdadeira cornucópia de irregularidades. A ponto de o general Jorge Felix, da Segurança Institucional, querer tirar de lá os gastos relacionados à família presidencial. Parecem dizer: “Pô, já fizemos demais em dar transparência a algumas lambanças; só falta agora essa gente da imprensa cobrar também a punição”.
O lulo-petismo é expressão de uma nova visão de mundo e da política: “Mostrar a irregularidade, vá lá; querer corrigi-la já é excesso de moralismo”. Trata-se de uma grande contribuição à degradação da vida pública. O larápio que nega a ilegalidade de pés juntos continua bandido, mas não corrompe o princípio. Os tempos são outros: estamos falando da corrupção da convicção, da vontade, da verdade e das instituições. Querem que aceitemos a falcatrua com um fato normal da vida e uma característica intrínseca à política.