Principal acusado ser o operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério foi interrogado nesta sexta-feira (1º) pela Justiça Federal em Minas Gerais e afirmou ter ouvido do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que toda a cúpula do PT sabia dos empréstimos que alimentaram o esquema.
Segundo Valério, Delúbio teria dito que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu sabia dos empréstimos ao PT. Em depoimento à Justiça Federal em São Paulo no dia 24 de janeiro, Dirceu disse que nunca soube dos empréstimos.
Marcos Valério é um dos 39 réus do processo do mensalão, esquema em que parlamentares receberiam dinheiro em troca de apoio na aprovação de projetos do governo. Metade deles já foi interrogada.
Segundo a denúncida da Procuradoria Geral da República, o esquema movimentou no mínimo R$ 55 milhões que teriam servido para a compra de apoio político, pagamento de dívidas de campanhas e enriquecimento. Em junho de 2005, o ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson, denunciou que Marcos Valério era o operador dos pagamentos do esquema. Em entrevista ao Jornal Nacional, no mesmo ano, Valério afirmou, pela primeira vez, ter montado uma operação milionária de crédito para financiar o PT, a pedido do ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares.
Valério disse que fez empréstimos nos bancos Rural e BMG usando as agências de publicidades nas quais era sócio, a DNA e a SMP&B.O publicitário chegou ao prédio da Justiça Federal, em Belo Horizonte, com o advogado e não quis falar com os jornalistas. Ele é acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e peculato, que é o uso de dinheiro público em benefício próprio. O advogado de defesa de Valério, Marcelo Leonardo, disse que o cliente negou a existência do mensalão e que tenha havido dinheiro público no repasse aos parlamentares.
“Os recursos repassados ao PT foram exclusivamente de empréstimos obtidos junto aos dois bancos e nenhum recurso público foi objeto de repasse a quem quer que seja”, disse.