Eu sofro de enxaqueca. Oliver Sacks sofre de enxaqueca. Lewis Carroll sofria de enxaqueca. Isso é o que a gente tem em comum. O que muda radicalmente é a forma de reagir aos sintomas. Oliver Sacks usou sua enxaqueca para refletir sobre a geometria neural.
Lewis Carroll inspirou-se em sua enxaqueca para imaginar Alice no País das Maravilhas, com a protagonista que cresce e encolhe. Eu, quando tenho um ataque, limito-me a cambalear até o banheiro, abrir a torneira da pia e engolir um comprimido de cloridrato de naratriptana. É raro conseguir delinear com tanta clareza a diferença entre a mentalidade científica (Oliver Sacks), a mentalidade artística (Lewis Carroll) e a mentalidade simiesca (Eu).
O New York Times tem um blog sobre enxaqueca. Oliver Sacks é um de seus cinco colaboradores. Ele se interessa particularmente pelos delírios visuais produzidos pela enfermidade. Compara-os aos mosaicos árabes. (...)