quinta-feira, 8 de maio de 2008

O embate no Senado permitiu a Dilma exercitar o seu lado supostamente heróico

O governo e parte da imprensa decretaram ontem a morte do caso do dossiê e espalharam pelos quatro cantos que renasceu na Comissão de Infra-Estrutura do Senado a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. É claro que se trata de um exagero tanto num caso como no outro.
Houve uma conspiração de elementos a favor da ministra, que conferem a seu desempenho, apenas mediano, ares de uma vitória épica. Cumpre que se faça aqui o elenco deles:
- a questão desastrada do senador Agripino Maia (DEM-RN);
-o despreparo de boa parte dos senadores, que não se prepararam para fazer questões realmente relevantes;
- as perguntas paroquiais envolvendo o PAC (muitos pareciam vereadores);
- o formato escolhido para as perguntas, feitas e respondidas em série.
Quando os senadores partiam para a réplica, ninguém mais se lembrava da questão ou da resposta. O conjunto da obra acabou resultando extremamente positivo para Dilma.
Dilma Rousseff foi incapaz de responder de forma clara e peremptória sobre o dossiê anti-FHC,que segundo a revista Veja teria sido feito para chantagear a oposição...
Na prática, reitero, Dilma arbitra olimpicamente o que pode e o que não pode ser sabido. Preenche a lei que garante a segurança presidencial com o conteúdo que lhe der na telha.
Sobre a ditadura militar
Sim, a indagação de Agripino Maia sobre a Ditadura Militar foi a mais desastrada possível. Permitiu a Dilma Rousseff exercitar o seu lado supostamente heróico. Ora,Dilma é uma política. Percebeu que poderia explorar o nefando para intimidar as oposições.
E ela o fez com grande competência.
Não tenho por que desconfiar de Dilma Rousseff, certo? Se ela, como disse ao exaltar o próprio heroísmo, conseguiu, no tempo da ditadura militar, mentir de forma deliberada para salvar a vida dos seus companheiros e enganar os seus algozes, não poderia, sem tortura nenhuma, fazer o mesmo para salvar os companheiros de agora e enganar os senadores da oposição?