quinta-feira, 22 de maio de 2008

Álvaro Uribe, disse ontem que seu país não aderirá à proposta brasileira para a criação do Conselho Sul-Americano de Defesa

Às vésperas de ir a Brasília para participar da cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse ontem que seu país não aderirá à proposta brasileira para a criação do Conselho Sul-Americano de Defesa. O anúncio contradiz o ministro Nelson Jobim (Defesa), para quem já havia consenso sobre o tema.
"A Colômbia tem de deixar seus pontos de vista claros, e não é o momento para que a Colômbia participe desse escritório de segurança", disse Uribe pela manhã à rádio "RCN".
O colombiano alegou que a região já conta com a OEA (Organização dos Estados Americanos) e aludiu às divergências com países vizinhos, entre os quais o Brasil e a Venezuela, em torno da classificação de grupos armados ilegais como "terroristas", principalmente as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)."Temos esse problema do terrorismo, que nos faz ser muito cuidadosos na tomada dessas decisões", afirmou.
O Brasil historicamente não mantém uma lista de organizações terroristas e resiste às pressões da Colômbia para classificar as Farc como tal. Já Hugo Chávez tem defendido dar um status de "beligerância" à guerrilha de esquerda. O colombiano disse ainda que já havia informado a Jobim que não entraria no conselho durante a visita do brasileiro a Bogotá, em abril. Segundo ele, a mesma negativa foi expressada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cúpula de Lima, na semana passada.No entanto, Jobim afirmou, na segunda-feira, na Bolívia, que havia "uniformidade sobre a criação" do conselho durante a cúpula da Unasul, marcada para amanhã.
O ministro, que nas últimas semanas visitou todos os países da região em busca de apoio, admitiu apenas que "uns [países] estão mais entusiasmados e outros, menos".A resistência de Uribe esvazia a proposta de Lula, lançada em meio à crise diplomática de Bogotá com Quito e Caracas depois que um bombardeio colombiano em território equatoriano matou o então número dois das Farc, Raúl Reyes, em março.
Fonte:Folha
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