quarta-feira, 14 de maio de 2008

O relatório da PF indica que "o grupo" preparava golpe espetacular nos cofres do BNDES, do qual pretendia tomar R$ 1,3 bilhão.

Por Fausto Macedo, no Estadão:
O deputado Paulo Pereira da Silva, Paulinho da Força (PDT-SP), tentou convencer o advogado Ricardo Tosto a não pedir afastamento do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), revela grampo da Polícia Federal.
"Você não devia pedir (afastamento), não. Não sai não, cara", sugere Paulinho, na conversa com Tosto interceptada pela PF dia 27 de abril, às 13h22.
Diante da insistência de Tosto, o deputado é taxativo: "Mas aí você tem que mandar lá para a Força (Sindical). Nós não vamos concordar que você saia."
Tosto, indicado pela Força Sindical para o conselho do BNDES, estava em sua residência quando fez o contato com Paulinho. O grampo ocorreu no domingo seguinte à libertação do advogado, que a Operação Santa Tereza aponta como integrante da organização que desviava recursos do banco estatal. Naquele dia, Tosto assinou carta ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, pedindo para deixar o cargo até a conclusão das investigações.
A íntegra do diálogo entre Paulinho e Tosto faz parte do relatório 10, que a PF entregou ontem à Justiça Federal. O documento aponta os últimos movimentos do grupo, durante e após a operação Santa Tereza.
Seguem trechos do diálogo .
O deputado abre a conversa em tom desafiador: "E aí, galego? Estamos apanhando, mas vamos enfrentar esse povo que estão (sic) pisando na bola com nós aí",disse Paulinho.
O advogado demonstra preocupação em identificar a origem da operação Santa Tereza da Polícia Federal que o deteve.
"Quem é que está por trás disso, Paulinho?",disse o advogado.
O deputado se propõe a descobrir.Tosto pede a Paulinho que fale com o presidente Lula, que havia criticado o advogado ao comentar sobre o desvio no BNDES."O Lula falou um absurdo de mim", queixou-se Tosto.
O relatório 10 indica que o grupo preparava golpe espetacular nos cofres do BNDES, do qual pretendia tomar R$ 1,3 bilhão. Parte, R$ 300 milhões, seria transferida para um frigorífico. O restante, R$ 1 bilhão, irrigaria empreendimento internacional - construção de rodovias na Argentina e no Peru.
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