A que atribuir o longo período de silêncio observado por um campeão da loquacidade?, perguntaram-se nos últimos meses os estudiosos de cabeças muito intrigantes. Um dia depois de assumir o Ministério do Futuro, Roberto Mangabeira Unger – o único filho da Bahia que sabe falar português com o sotaque de quem nasceu no Mississipi, cresceu em Illinois e acabou de chegar ao Brasil – decidiu espantar o país com uma radical abstinência retórica.
Escondido no Retiro dos Ex-Professores de Harvard, ainda convalescendo das escoriações impostas pela duríssima luta para garantir o empregão? Enclausurado num convento da Ordem das Carmelitas Descalças, tentando decifrar o significado do que Lula chama de "ações de longo prazo"? Nada disso, soube-se na semana passada, quando Mangabeira Unger ressurgiu na Amazônia, à frente da tropa formada por 35 soldados da pátria. Mais falante que nunca, contou que havia emudecido por meses para pensar na Amazônia,foi uma discurseira – atados pela rima paupérrima. "Numa região sobra água inutilmente", declamou Mangabeira. "Em outra falta água calamitosamente" então tá,burro velho. Excelente idéia. O governo federal, que ainda chora o sumiço da dinheirama da CPMF, gastaria na área da saúde o que desperdiça na fantasia forjada para abrigar um maluco de carteirinha apadrinhado pelo vice José Alencar.