sábado, 12 de janeiro de 2008

Telefonia:O que se tem aí não passa de escárnio legal,diz Rex

Asqueroso!
Eis uma boa palavra para definir certo jornalismo que resolveu transformar a operação de compra da Brasil Telecom pela Telemar num ato de resistência nacionalista. Segundo a versão oficial ditada por Franklin Martins e pressurosamente espalhada por áulicos, anões, mascates e jornalistas “dualéticos”, Lula, o Numinoso, quer criar uma grande empresa nacional para competir com as gigantes estrangeiras — caso contrário, as brasileiras seriam engolidas. Por isso, mobilizou o governo para dar suporte à operação. Com um detalhe: nunca antes nestepaiz se fez um negócio bilionário que depende de uma mudança ad hoc da lei: se Lula não alterar o decreto da Lei das Outorgas, nada feito. Mas ele prometeu mudar.
Alguma novidade nisso? Não, como ficou evidente aqui. VEJA havia noticiado a “operação” em dezembro de 2006. O mais curioso é que a máquina de propaganda oficial resolveu que a verdade dos fatos é pura conspiração do capeta de plantão(...).O que se tem aí não passa de escárnio legal. Quer dizer, então, que o presidente só aceita mudar a lei para beneficiar uma empresa se ela se submeter a determinadas condições, é isso? Os fundos de pensão só topam negociar se não houver empresas estrangeiras na parada? Esperem aí: estamos falando de um país institucionalmente organizado ou de uma república bananeira?
Cada um vende a sua participação numa empresa a quem quiser, de acordo com a legislação. É do capitalismo. Mas o que se está fazendo, no caso, é um megacartório. Somos informados de que o dinheiro do BNDES só sairá se for um negócio entre A e B; somos informados de que os fundos de pensão só aceitam a operação se C e D não participarem. Se a Telemar, a sócia de Lulinha, quiser comprar a Brasil Telecom, o governo oferece facilidades, mas, se for a Telefonica, nem pensar, é isso?