Por Wilson Tosta, no Estadão:
O chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, general Mário Madureira, afirmou ontem que a palestra do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, com críticas à política indigenista não foi uma infração à hierarquia porque era de conhecimento prévio do comandante da corporação, general Enzo Peri.
Além dele, ontem os Clubes Militar e da Aeronáutica emitiram notas de solidariedade a Heleno.Segundo Madureira, o chefe da instituição sabia que Heleno daria "uma aula" no Clube Militar, no seminário Brasil, Ameaças à Sua Soberania, encerrado ontem.
Nele, o chefe do Comando Militar da Amazônia chamou de "lamentável" e "caótica" a política oficial para os índios. Heleno e Madureira, que serviu em Roraima, são contrários à demarcação contínua de reservas na faixa de fronteira, como a Raposa Serra do Sol."O general foi convidado, como eu, para uma palestra, devidamente autorizado pelo comandante do Exército, como ele mesmo disse, no início da sua abordagem", disse.
Na quarta-feira, Madureira também fez uma exposição sobre Roraima no mesmo seminário.
"O que ele obviamente aqui falou era do conhecimento do comandante da instituição. Talvez no debate, aí, foge um pouco, como para mim fugiu também. Mas o comandante do Exército tinha plena consciência de que ele estaria aqui participando de uma aula, ele deu uma aula, como eu falei de Roraima, porque morei lá.
Não vi nada que tenha ferido a hierarquia", disse o general.Madureira repetiu, com outras palavras, uma afirmação de Heleno, que dissera que o Exército serve "ao Estado, não a governos". "Acredito que, salvo melhor juízo, somos servidores do País, da Nação, como eu bem coloquei na minha palestra", disse. "Os governos passam, o Estado fica." Ele não considera a política indigenista caótica, mas pediu que ela seja "repensada".
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