sábado, 12 de abril de 2008
Dossiê anti FHC:Delegado disse ao blog de Josias que "Não dá para limitar Investigação"
Sandro Torres Avelar (Foto)preside a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal). Conhece como poucos os meandros da PF. Cioso da imagem da corporação que representa, acompanha os desdobramentos dos casos mais relevantes. Falou ao blog do Josias sobre o recém-inaugurado inquérito do dossiê com gastos da gestão FHC.
Seguem alguns trechos:
Acha que será necessário ouvir Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, apontada como a servidora que ordenou a coleta dos dados?
“Estou fora dessa investigação. Falo em tese. Em seus depoimentos, as pessoas que tiveram contato direto com os computadores provavelmente vão informar quem está acima delas, quem teria dado a determinação. Neste caso, pode ser necessário ou não ouvir os superiores hierárquicos.”
Mas a apuração não pode parar na identificação da pessoa que vazou os dados? insistiu o repórter.
E Sandro Avelar: “Dificilmente tem como terminar essa investigação no nome de quem vazou".
Onde vai parar?
“Quem vazou vai ter que informar como obteve a informação. Se era responsável pelo manuseio cotidiano dos computadores, será questionado acerca de quem foi que determinou que ele juntasse aquelas informações. Aí a coisa vai subindo. Não tem como dizer onde vai parar.”
Na opinião do delegado Sandro Avelar, o caso do dossiê envolve aspectos políticos, éticos e criminais. À Polícia Federal, só interessam os últimos. “Há um distanciamento entre o que é antiético e o que é criminoso”, disse o presidente da ADPF. “O fato de um gestor público reunir informações de que dispõe não é crime. A forma como essas informações são utilizadas é que pode se constituir num delito.”
Aqui, a opinião de Sandro Avelar coincide com a de Tarso Genro que, desde o início da semana, vem afirmando que “fazer um dossiê não é um ato criminalizável.” Sem se referir diretamente aos comentários do ministro, seu superior hierárquico, o delegado Avelar fez uma ponderação adicional.
Ele sustentou a tese de que, a depender do que for apurado no inquérito, “quem mandou levantar os dados, ainda que não possa ser responsabilizado pelo vazamento, pode sofrer prejuízos políticos, por conta dos aspectos éticos envolvidos na questão.” Esse tipo de debate, porém, não interessa à PF. Para a polícia, repetiu Sandro Avelar, “há um distanciamento nítido entre o que é antiético e o que é criminoso.”
Em viagem ao exterior, Lula repisou a tecla de que a Casa Civil fez um "banco de dados", não dossiê. Disse que a coleta de informações continuará a ser realizada. E afirmou que deseja saber "quem é que anda roubando documento" do Planalto.