Para região tradicionalmente exportadora de imigrantes, a América Latina demonstra pouquíssima abertura à recepção de cidadãos de outros países em seu próprio solo: apenas 14% da população apóia a entrada de muitos "estrangeiros de raça diferente" da maioria nacional, informa relatório do centro de pesquisa Latinobarómetro divulgado ontem.
"A região está caracterizada pela desconfiança e por um movimento de introspecção", afirmou à Folha Marta Lagos, diretora do centro. "É surpreendente a resistência a pessoas [de outros países]. A América Latina é um conceito intelectual, mas que não existe de fato. Não é uma comunidade."Mesmo o apoio à entrada de imigrantes "da mesma raça" é baixo: 24%.
E apenas 15% dos entrevistados se disseram favoráveis à chegada de imigrantes vindos de países mais pobres.O estudo abrange 18 países, onde foram feitas 20,2 mil entrevistas entre 7 de setembro e 9 de outubro últimos. A margem de erro das respostas varia entre 2,7 e 3,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.Para explicar o resultado, Lagos relativiza a influência de fatores econômicos, como o desemprego, e reforça o aumento do nacionalismo cultural. "Só a economia não explica uma rejeição tão generalizada.
O Chile, um dos países mais xenófobos, teve relativo êxito econômico", avalia.Um dos mais fechados à imigração é o Paraguai, país que costuma exportar trabalhadores: 16% apóiam que estrangeiros da mesma raça vivam no país, 8% apóiam a chegada de imigrantes de países mais pobres e 7% são favoráveis a imigrantes de raça diferente.O Brasil é o sétimo mais xenófobo entre os 18 participantes do estudo. No país, 20% apóiam a vinda de estrangeiros da mesma raça, 17% a de estrangeiros de raça diferente e 18% a de provenientes de países mais pobres.
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