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A era Lula foi boa para o Brasil. “Foi”, porque o próprio presidente acaba de anunciar o seu fim.Nunca antes na história deste país um presidente da República fez seu primeiro comício eleitoral com quase três quartos de mandato pela frente. A oposição pode tirar o cavalinho da chuva para 2010, anunciou ele, já de saída. Assuntos de Brasil? Tratar com doutora Dilma. Lula, o precoce, já está na estrada em busca do ponto D.
O problema é que o ponto D começa a exalar certo cheiro de queimado. O Planalto admitiu que o “cadastro” dos cartões de FHC foi montado no governo mesmo. Ou seja: D, a companheira de armas, voltou à clandestinidade, desta vez dentro da Casa Civil. É a primeira trincheira oficial da história.
A era Lula será lembrada como o tempo das versões criativas. Segundo José Múcio, ministro das Relações Institucionais, o dossiê que brotou dentro da Casa Civil foi obra de alguém interessado em fazer mal a Dilma. Ninguém vai gritar em defesa da Dilma? Onde está a Marta Suplicy numa hora dessas?O dossiê das contas B de Fernando Henrique é uma manobra para prejudicar Dilma. O dossiê dos aloprados contra os tucanos foi uma tentativa de atingir Lula. José Dirceu foi enganado por Delúbio, que foi enganado por Valério, que enganou o PT, num episódio de traição coletiva a Lula, que nada sabia. Esses meninos são fogo, mesmo.
A era Lula foi boa porque, pelo menos, a impunidade deixou de ser o grande problema nacional. Está acabando o tempo em que os culpados não eram punidos. A questão agora é que não existem mais culpados.O tão perseguido ponto D talvez seja a República das vítimas. E o artigo primeiro da nova constituição será a frase-síntese de Lobão (o cantor) sobre Brasília, grosseira mas insubstituível: “Peidei, mas não fui eu”.
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