sexta-feira, 4 de abril de 2008

Tarso admite colocar PF para investigar vazamento de suposto dossiê anti-FHC

O ministro Tarso Genro (Justiça) admitiu nesta sexta-feira que a PF (Polícia Federal) pode entrar nas investigações a respeito do vazamento do dossiê com informações de gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da sua mulher Ruth, e de ministros tucanos. Genro ressaltou que a PF só participará do caso caso alguma autoridade faça o pedido. "Sobre fatos determinados, se alguma autoridade, em algum momento, pedir para investigar e fundamentar esse pedido, obviamente a PF vai investigar, seja a pedido do procurador , da ministra, que está fazendo a investigação, seja a pedido da própria CPI [dos Cartões Corporativos]", afirmou, após participar do lançamento da Caravana da Anistia, na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio de Janeiro.
Para o ministro, a classificação de dossiê para o vazamento dos dados em questão é um juízo político. Para ele, a existência do dossiê não é um fato determinado. Por isso, descartou, por ora, que a PF (Polícia Federal) entre no caso. "O que eu sempre disse é que o aparato de Estado, a PF, como não somos Estado policial, não investiga conceitos. E o dossiê é um conceito político. Alguém que fala em dossiê está dizendo "estão armando alguma ilegalmente contra alguém". Isso é um conceito. É a mesma coisa que a PF fosse investigar o seguinte "investigue bandido", ou investigue ladrão", ou investigue comunista, ou fascista. Isso é conceito, não é fato determinado", explicou. Genro ressaltou que, para ele, o único fato determinado até agora é "um vazamento ilegal de documentos", que está sendo investigado no âmbito da Casa Civil, de onde saíram as informações. Por isso, destacou que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) é "investigante", ao ser questionado sobre a necessidade de ela ir à CPI dos Cartões Corporativos para dar explicações sobre o caso. "A ministra é investigante. Para prestar qualquer informação, ela tem que terminar a investigação. Ela está fazendo a investigação de um documento que vazou de seu ministério. Então, é necessário que se termine essa investigação para que se veja até a necessidade de alguém dar um depoimento", salientou.
O ministro da Justiça negou que tenha feito juízo político sobre a posição do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que afirmara que já tinha conhecimento sobre o dossiê antes de sua publicação na imprensa. Genro voltou a cobrar que Dias diga o que sabe sobre o vazamento do dossiê. "Quando mencionei que seria importante que ele dissesse de onde é que vem, não quero dizer que ele tem obrigação de dizer. Ele é parlamentar, ele diz se quiser. Agora, se quisermos colaborar com a cadeia de transmissão do documento para chegar na fonte, seria uma contribuição para a CPI e para o Estado brasileiro se o senador dissesse de onde é que veio. Ele não está obrigado a dizer. Ele está abrigado, inclusive, no seu mandato", completou Genro.
Fonte:FolhaNews